sábado, 21 de setembro de 2013

O que mudou? ou...a solução é outro técnico?

Ao longo dos últimos 3 dias, pensei, conversei com corinthianos, li blogs e sites de notícias para chegar a uma conclusão se a melhor solução seria trocar de técnico. E a questão recorrente, em especial para os que não acham que a troca é uma boa, é como seria possível culpar um técnico que foi táo bem sucedido. E fiquei pensando no que mudou de lá para cá.

O esquema Titeano nos títulos conquistados era uma fortaleza defensiva; no plano ofensivo, os poucos gols feitos (sempre foram poucos) saiam, na sua maioria, do elemento surpresa (Paulinho / bolas paradas ou chutes de longe de Alex etc) ou de bolas roubadas na marcação pressão do adversário. Nunca foi um esquema armado para produzir ofensivamente, mas produzia eventualmente pela conjuntura. Ok, e porque o que deu certo antes não tem dado há mais de ano? Tenho algumas hipóteses.
- O esquema depende de uma dedicação física impressionante dos jogadores, o que, portanto, depende duma condição física excelente. Terminamos o paulista de 11 com a torcida desanimada e pedindo a cabeça de Tite. 3 meses depois éramos o time a ser batido com 10 vitórias em 9 rodadas do brasileiro. Nesse ano tivemos a condição peculiar de ser eliminado na pré-libertadores e, por isso, ter disputado no primeiro semestre só o Paulista. Chegamos no começo do brasileiro voando e isso foi boa parte do que nos garantiu o brasileiro (nas outras vinte e poucas rodadas disputamos ponto a ponto com um Vasco mais veterano, com menos opções no elenco e supostamente menos motivado por já ser campeão da Copa BR). Em 2012, fomos eliminados nas quartas do paulista e ficamos focados na liberta até o fim. Para jogar contra o Chelsea, descansamos 6 meses. Nos 3 melhores momentos da Era Tite, foi possível ter a condição física ideal para dedicar-se ao esquema. Esse ano, chegando ao fim da Copa BR, jogaremos 80 jogos, espremidos pela janela da Copa das Confederações. Ano que vem a coisa se repete pela Copa do Mundo. Quando a condição física não é acima dos demais, nosso desempenho cai muito. E aí entramos numa outra questão que é...
- O esquema depende de jogadores 100% motivados e concentrados. Desde os primeiros momentos dessa “Era Tite vencedora” já era comum notarmos que o time jogava bem um tempo de dois: ou jogava bem o primeiro, fazia um gol e sofríamos no segundo, ou o time dormia no primeiro, tomava um esporro no intervalo e vinha voando no segundo. Tirando mata-matas, era muito difícil o time fazer um ótimo jogo o tempo todo, e isso muito porque é muito difícil, tirando “o jogo da vida”(que nenhum time é capaz de fazer todo jogo), os jogadores manterem 100% da concentração. Só que, junto com o outro fator, um time cada vez mais ganhador e cada vez mais veterano vai ter dificuldade de manter essa concentração. Todos os comentaristas vem falando a respeito, e parte da torcida tem visto o time “preguiçoso, acomodado”. Só acho que o nível de concentração e dedicação se nivelou ao resto, e como o esquema dependia muito disso também, o desempenho despencou. Ou ninguém estranhou Tite explicar o mau desempenho do time porque tinha se concentrado para a Recopa, uma incrível competição de 2 jogos??
- O esquema é voltado para mata-matas. Os dois primeiros fatores já ajudam a explicar – é muito mais fácil você correr e jogar tudo num mata-mata do que num dos 38 jogos de pontos corridos – mas a própria filosofia do time / técnico é assim: empatar fora, ganhar (nem que seja por meio a zero) em casa. Além disso, pela motivação e dedicação, o time é capaz de fazer um baita jogo contra um grande time e sofrer para cacete contra um candidato a rebaixamento. Para pontos corridos, onde 3 pontos são 3 pontos, essa combinação é ruim de doer. “Ah, mas ganhamos o BR 11...”. Sim, as 9 vitórias do começo foram boa parte da explicação, depois entramos num gangorra que quase nos custou o título.
- Quando você o time a ser batido, os outros times estudam você. Ou por outro ângulo: não aprendemos a ser protagonistas. Até a final da Libertadores 12, ninguém diria “o Corinthians é favorito”. O jogo contra o Chelsea também foi na linha de “sul americano franco atirador”. Em todas as outras situações de 1 ano para cá éramos o “favorito”, o “campeão” e os times se preparavam de forma diferente para jogar contra o Corinthians. Só que já faz um ano e não conseguiu-se lidar com isso.

Dado todas essas condições, a questão que fica: Tite conseguirá, daqui para frente, lidar com esses fatores, mudar o time, a disposição tática, e fazer o time vencedor novamente? Tenho dúvidas. Talvez sua última chance de mostrar isso seja a Copa do Brasil. Mas ainda assim ficará a questão: sempre dependeremos do time voando, 100% concentrado num jogo específico para esperar um bom desempenho? Para os planos de protagonismo que a diretoria parece ter, me parece pouco. Precisamos duma renovação gradual do time, precisamos ter variações táticas para situações diferentes de jogo, precisamos testar aos poucos apostas e jogadores da base. Tite é o nome para fazer isso nos próximos 3 anos? Tenho sérias dúvidas.

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